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Psilocibina e memória

  • Foto do escritor: Dr. Lucas Cury
    Dr. Lucas Cury
  • 22 de ago.
  • 3 min de leitura

Depois de um tempo nosso cérebro entra num piloto automático (vamos chamar de rede neural padrão). Onde armazenamos e normalizamos nossos traumas, enclausuramentos, dores. Formamos uma trilha e dessa trilha seguimos de cabeça baixa, sem perceber o mundo ao redor.


Como se andássemos na via principal da nossa cidade e dentre tantas pessoas no nosso percalço, a nossa atenção só se direciona para o que é familiar, um rosto conhecido, alguém ou algo que nos afete, ou seja, que nos desperte afeto.


A questão é que o centro da cidade vai ficando cada vez mais populosa com o passar do tempo e direcionar o olhar para apenas um rosto conhecido, não aceitar e se propor ao desconhecido nos limita a adeuiros familiaridade a novas face, o que nos enclausura, nos prende e perdemos o afeto. O que governa nossa memória já não é mais a novidade e a motivação do pré-frontal, mas algo mais profundo, primitivo, instintivo.


Reproduzimos assim as nossas memórias límbicas, ou amigdaliana, centro que abriga o medo e a ansiedade, por isso entramos num "piloto automático" de medo ou falta de prazer.

Essa é a nossa rede neural padrão que habitua o nosso cérebro a responder através dos caminhos acumulados de desprazer. A gente se acostuma com a resignação e a privação do prazer


Por isso que eu sempre falo, uma memória boa nao é só a que lembra, mas a que esquece também. E o psicodélico ao diminuir a ação da rede neural padrão ( nosso piloto automático) e ele nos abre caminho pra explorar outras sensação, que nao estamos mais habituados ou esqueceremos. Pra se consolidar uma boa memoria precisamos primeiros prender a informação, a-prender. A melhor forma de aprender é observar, mas pra observar precisamos de interesse, afeto. E um corpo sem afeto e um corpo cheio de munições pra combater e não absorver. Aprender depois de velho é ressignificar nossas consolidações. Mas um corpo que que sempre apanhou, cria escaras e depois cicatriza e depois fibrosa, aí, queridos, dali é dificil rejuvenescer.


De tempos em tempos é necessário romper com o mundo, queimar nossos navios. Levantar bandeira branca, baixar nossas armas para absorver. Quebrar conceitos previamente formado por anos de informações bélicas.


E é isso que os psicodélicos fazem, abrem a câmera, nos devolve o afeto ao restaurar nossa. Dá vida a um tecido, mesmo que virtual, fibrosado. Vamos imaginar um cenário juntos: você acaba de adquirir um cachorro, um filhote animado e curioso com demanda de farejar tudo. Você mora numa casa grande, porém prefere deixar o cachorro trancafiado num quarto. No início, por empolgação, ele vai farejar e pisotear o quarto todo. Depois vai ter se acostumado com o quarto e vai atrofiado. As pegadas que antes era distribuída pelo quarto inteiro, vai se restringindo pelo quarto.


A proposta dos psicodélicos é de abrir essa porta e deixar ele explorar e distribuir suas patinhas pelo resto da casa. O nome disso é neuroplasticidade e é nisso que os psicodélicos atuam ao diminuir a hoperconectividade da nossa rede neural padrão.


E como ajuda na depressão?


Costumo brincar dizendo que a depressão é como estar preso num labirinto sem saída. Os antidepressivos convencionais diminuem nossa sensibilidade, logo ao tocar no chão espinhoso, nosso pé não reclama de dor.


Já os psicodélicos, se ligando nos receptores 5 HT2 diminuem um pouco o desconforto desse contato, mas não totalmente, pois é o desconforto que nos motiva a sair dali.

E é essa importância do uso assistido com um profissional responsável.

Os psicodélicos abrem portas e é nesse momento que encontramos a saída desse labirinto espinhoso. É nesse momento que nos curamos da depressão e é essa a importância de um terapeuta, para nos guiar e porta de saída do labirinto que nós mesmo criamos porém não conseguimos a saída.


Sobre o Dr. Lucas Cury

Sou médico pós-graduado em neurologista, especialista no uso da cannabis medicinal como ferramenta terapêutica para diversas condições neurológicas. Minha abordagem é baseada em ciência, segurança e personalização do tratamento, sempre focada na melhora da qualidade de vida dos meus pacientes. Com anos de experiência, combino tecnologia, pesquisa e atendimento humanizado para oferecer soluções eficazes para doenças como epilepsia, dor neuropática, Parkinson, Alzheimer, esclerose múltipla, autismo e distúrbios do sono.


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